A cultura portuguesa assim o exige. Para haver homenagem é necessário um dos dois requisitos. Ou estar morto ou por ordem do tribunal.
Se há processos estúpidos em tribunal, este será o expoente máximo.
Sendo eu sportinguista, é impossível ficar indiferente a todo este litígio entre o Iordanov e o Sporting.
Este caso á primeira vista até nem seria motivo de história. Um queria ser venerado e o outro não o queria idolatrar, ia cada um para seu lado e ponto.
Mas em cada história há sempre um iluminado que dá origem á saga e aqui não foi excepção. Houve alguém que se lembrou de escrever uma adenda de conteúdo parvo a um contrato, e olha…
Entretanto a decisão proferida pelos tribunais de obrigar o Sporting a fazer homenagem não deixa de ser a mais lógica, mas com um resultado absurdo.
Imagine-se uma homenagem ao Iordanov, sendo que quem a organiza não tem o mínimo espírito de festa. Que ambiente!
Mas no meio de tudo o que mais me indigna é o Sporting ter criado um problema numa situação em que só poderia ficar bem visto e com isto ganhar.
Uma teimosia estúpida e sem nexo leva a barra do tribunal algo que o Sporting deveria fazer por iniciativa própria e não por imposição da justiça que apenas confirma o que estava previamente acordado.
O Iordanov terá sido sem margem para qualquer dúvida, uma das maiores figuras do Sporting de todos os tempos, e apenas não é reconhecido como tal porque ficou em Portugal a amar a camisola que vestia em vez de a trocar por uns milhões. Logo, se não sai por muito dinheiro é porque não vale o esforço de uma homenagem. Nada mais errado.
O Iordanov não jogou a guarda-redes mas provavelmente terá passado por todas as outras posições dentro de campo onde era necessário e nunca teve a arrogância de discutir com um treinador a posição em que jogava, algo que agora está muito na moda para os rapazinhos que lá andam de carteira cheia.
Foi um bravo quando todos já o viam tombado por uma infeliz doença diagnosticada, ergueu-se e voltou a brilhar em campo de leão ao peito a mostrar-se presente se fosse necessário.
O Iordanov foi um verdadeiro capitão. Não merecia de todo um tratamento destes após terminar a carreira.
A ingratidão é um defeito que abomino e o meu clube neste caso especifico revela-se assim. Ingrato.
Estivesse eu no lugar do Iordanov e não haveria acordo algum para a resolução do processo que não passasse pela homenagem e depois da marcação desta, mandava os dirigentes do Sporting enfiá-la no befe e avisava que não iria estar presente.
Tenho mau feitio, fazer o quê?