E eu sei do que falo.
Quem o pratica deve ser punido como tal.
São crianças? São adolescentes? São. E depois? Quem pratica bullying nunca será alguém muito aprazível. Será sempre um cobarde malicioso, uma besta.
Existem casas de correcção. È bom que se lhe dê uso.
Muitos dirão a esta altura: "Este tipo é doido. Mas alguma vez esta brincadeira de putos merece tamanho castigo?"
Merece sim, e a prova disso mesmo foi o que aconteceu ao jovem de Mirandela.A escola, essa, é claro que vai averiguar se terá alguma responsabilidade no caso, e é claro que não terá nenhuma nas suas próprias conclusões. Estamos habituados.
As autoridades policiais e judiciais nunca apurarão responsabilidades porque nunca será provado que o suicídio esteja relacionado com uma traquinice de miúdos. Estamos habituados.
Haverá protestos dos pais enquanto se lembrarem da situação, depois, com o passar do tempo acabarão por se calar. Estamos habituados.
A escola continuará por responsabilizar e a ser irresponsável, assim como quem a dirige. Também estamos habituados.
Se duvidas houver, basta recordar outra situação que ainda há pouco tempo foi de novo notícia ao fim de seis meses, refiro-me á menina da
escola do Montijo.
È bom que se comece a levar a sério um crime aparentemente pouco grave, mas no qual a morte de alguém pode sempre surgir como recurso em desespero de quem sofre. E quando digo alguém, falo da vitima ou eventualmente do agressor. È que enquanto vítima, passa pela cabeça fazê-lo ao sacana que nos faz sofrer, assim ele venha sozinho.
Ainda esta prática cobarde não tinha sido baptizada com o nome pomposo de bullying e eu já a conhecia.
Passei por uma situação semelhante enquanto criança, e garanto que é insuportável. Felizmente não chegou a ser de gravidade tão elevada como a do Leandro, o rapaz que se lançou ao Tua, talvez porque tenha conseguido por instinto desenvolver algumas defesas.
Aqui, a resistência psicológica depende de cada um, ou do tipo de agressão, a minha durou quatro meses até ter coragem de dizer em casa que era assaltado dia sim, dia não. Felizmente tive possibilidade de mudar de escola em poucos dias, e acabou a angustia.
Parece ridículo dizer que é preciso ganhar coragem para revelar aos pais o que se passa, mas é verdade, no fundo ficamos envergonhados uma vez mais porque vamos contar que nos humilham, mesmo que seja aos pais, mesmo que seja aqueles que sabemos que melhor nos poderão ajudar. È desesperante. Alguns não aguentam a pressão.
À partida pensa-se que quem sofre bullying, é alguém frágil, alguém cobarde, não é. Frágeis e cobardes são os agressores que nunca atacam sozinhos. São como as hienas, até no riso.
Encaixar um soco de alguém sem nada ter feito, e nada poder fazer porque o cabrão tem dois merdas nas suas costas a protegê-lo exactamente porque têem a noção que tu o podes matar ali á pancada, é frustrante.
Bullying é terrorismo psicológico, muito mais que uma simples agressão física, é enxovalho, é humilhação, é contra os direitos humanos, pode levar á morte ou deixar sequelas para o resto da vida. È muito grave e tem de ser valorizado como tal.
È importante que as vitimas falem, e se por aqui alguém passar que sofra de tal, o conselho que deixo é: Enche o peito de ar e conta aos teus pais, eles vão compreender e são quem melhor pode ajudar, ou em alternativa vai á policia e conta, faz queixa, assim, se acontecer algo de mais grave, alguém terá já um nome ou uma historia registada.
E já agora, se alguém sabe de alguma situação, não seja cúmplice, conte aos familiares das vítimas, aos funcionários da escola ou ao director. Faça alguma coisa.
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