Os números têm muito valor, mas só às vezes, dependendo do que nos dá mais jeito.
Para a esquerda da oposição, uma manifestação de 200 mil trabalhadores é muitíssimo relevante. È um sinal claro que a maioria do povo tem vontade de mudar de politica laboral mesmo que esta seja praticada e imposta por um governo de maioria absoluta legitimada pelo voto deste mesmo povo.
Para a esquerda, uma manifestação de 90 mil cidadãos através da recolha das suas assinaturas em apenas mês e meio por um movimento cívico a pedir um referendo para a questão do casamento homossexual, não tem qualquer relevância, porque aqui a legitimidade da decisão pela assembleia da república é conferida pelo resultado da votação do povo nas legislativas.
A legitimidade que a esquerda da oposição agora reclama para sustentar o apoio que dá ao governo nesta temática, com o argumento de que constava esta alteração ao regime do casamento no seu programa eleitoral quando foram submetidos a votos nas eleições legislativas, não me parece muito diferente do argumento de Sócrates na passada legislatura quanto a políticas laborais e sociais.
Para a esquerda da oposição, agora que o governo lhes faz a vontade, a assembleia da república tem toda a legitimidade e competência para decidir quanto a este tema, mesmo que o povo tente intervir directamente na decisão de um assunto que é socialmente polémico, mas curiosamente num passado recente quando a assembleia foi dominada por um único partido politico eleito pela maioria do povo, para a esquerda oposicionista, o governo maioritário foi autista e ditatorial perdendo até a legitimidade moral para governar por não ouvir as manifestações do povo.
Esta coerência transtorna-me.
È por estas e por outras que eu nunca seria militante de um partido politico.
Faz tanto sentido legalizar o casamento homossexual, como legalizar brancos em Africa e pretos na Europa.
A lei não muda consciências, e não é por se decretar uma que deixa de existir xenofobia ou racismo, o caminho terá que ser outro com toda a certeza.
Pessoalmente, estou-me marimbando para quem casa com quem. Estou muito mais preocupado com outros assuntos. No entanto tenho opinião formada, e confesso que em caso de referendo votaria “Não”, e sabem porquê? Porque para mim isto parece-me muito mais um capricho de algumas minorias e partidos políticos do que qualquer outra coisa.
Na realidade o objectivo é afrontarem outros que são diferentes deles ou têm outras ideologias e principalmente para atacar a Igreja. Está na moda atacar a Igreja.
Fica evidente pela forma como se referem a esta instituição e a quem promoveu a recolha das assinaturas para a discussão do assunto em referendo. E se assim não fosse, acolheriam com agrado a proposta do PSD que lhes confere os mesmos direitos que os casais heterossexuais e apenas altera o nome ao contrato no registo civil para União Civil Registada. Beneficiavam os homossexuais e calavam os heterossexuais, mas não, preferem fazer comentários como aquele que o Sr. presidente da Opus Gay, António Serzedelo, hoje fez numa estação de rádio, desvalorizando assim as 90 mil assinaturas por terem sido recolhidas por exemplo á porta de igrejas, pessoalmente não assinei apenas porque não me cruzei com ninguém que me pedisse, mas aproveito também para informar os sobredotados anti-cristãos, que a maioria dos cristãos é como eu e pensa por si, não é seguidista nem fundamentalista, e como exemplo disso mesmo posso informar que apesar de ser cristão votei a favor do aborto e desta forma contra a opinião da Igreja.
Agora, Sr. António Serzedelo deixe-me dizer-lhe uma coisa, eu pessoalmente se estivesse a recolher assinaturas com a mesma finalidade que o movimento que critica, também escolheria a porta de uma Igreja em vez do Príncipe Real, uma questão de bom senso, ou… inteligência.
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quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
Caprichos gays e coerências políticas.
Publicada por O Pinoka à(s) quarta-feira, janeiro 06, 2010
Etiquetas: esquerda, homossexualidade, Leis, Política, Religião, sociedade
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10 Pinokadas:
CONCORDO CONTIGO
E CRISTÃO NÃO SIGNIFICA CATÓLICO
AINDA EXISTE MUITA MENTALIDADE DO TEMPO DA PRÉ HISTÓRIA
TEMOS PROBLEMAS BEM MAIS GRAVES NO NOSSO PAÍS
BEIJINHOS E BOM ANO
É isso mesmo! Dizes tudo sobre esta esquerda-canhota. Quando lhes convem o povo tem legitimidade sas urnas, o contrário, é a Assembleia da República quem mais ordena.
Pinoka posso não concordar com tudo o que dizes, mas que todo este movimento pró-casamento gay mete nojo,lá isso mete. Este assunto já devia estar resolvido faz muito tempo, eu estou-me borrifando se se querem casar ou não. Agora aquela do príncipe é um mimo!
E sobre a esquerda, assino por baixo !
Abraço
nada como pensar com a cabeça em cima dos ombros... bom 2010
Caro Pinoka, antes de mais, saúdo o regresso às lides da blogosfera e devolvo os votos de um feliz ano novo.
Quanto ao Eusébio, o maior dos maiores era e é funcionário do SLB.
Quanto ao seu post, 2 coisas.
Primeiro, não percebo a referência à Igreja, o Estado é laico, e o assunto aqui é casamento e não matrimónio sagrado. Em segundo, parece-me que a decisão de não haver referendo vai de acordo com o programa de governo do Partido Socialista, eleito (para bem e para o mal) para governar. Não tem, como se sabe, maioria absoluta, porém, os partidos de esquerda com assento parlamentar, também tinham em programa de governo, esta alteração de lei sem o aval de um referendo popular. Logo, parece-me lógico a sua aprovação na Assembleia da República.
Beijocas
Amor de uma mãe,
Independentemente da religião, cada um terá a sua opinião formada, e só os pobres de espírito poderão achar que todos os que estão ligados á religião cristã agem e pensam como os muçulmanos, em filinha e com cinto de bombas.
Beijocas e um Feliz Ano Novo
Carlos II,
Não é só a esquerda, são todos, mas falo essencialmente da esquerda porque era aqui que desejava que a coerência fosse incólume. Porém, reconheço méritos á direita e não tenho vergonha disso, e como aqui sou eu quem mais ordena, quando eles merecem “é de rabo a orelha”,como se diz lá prós meus lados.
Abraço e um Feliz Ano Novo
João António
E o movimento mais deprimente ainda é na comunicação social. Se isto acaba até digo que é mentira.
Abraço e um Feliz Ano Novo
Opolidor
Às vezes faz falta segurá-la um bocadinho antes de decidir, a maioria é que se esquece...
Abraço e um Feliz Ano Novo
Blue,
Funcionário talvez, mas propriedade de outrem, não fosse assim e teria jogado muito menos tempo lá.
Quanto ao post:
A referencia á Igreja é feita pela Opus Gay.
O Partido Socialista quando foi eleito com maioria absoluta também tinha um programa e também era para o bem e para o mal, mas alguns acharam que não. E nem todos os partidos de esquerda com assento parlamentar tinham em programa de governo esta alteração de lei sem o aval de um referendo popular. Esta alteração não fazia sequer parte do programa do PCP.
Beijocas
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