quinta-feira, 24 de abril de 2008

Tratado de Lisboa.


E pronto, já está!
O primeiro-ministro sentir-se-á certamente orgulhoso por concluir a aldrabice que espetou ao povo português.
Felicito-o por isso. A ele e a todos os socialistas que mesmo pensando de uma maneira ontem e outra hoje, acreditam que pensaram ontem da mesma maneira que pensam hoje.
Não sei se é por estar perto de alguma data especial, mas isto soa-me a “déjà vu”.
Não é todos os dias que alguém mente descaradamente a milhões de pessoas e acredita tão convictamente na mentira que profere. Ou acredita que nós acreditamos que ele acredita.
Resumindo, PS votou a favor, claro! PSD votou a favor, claríssimo! CDS-PP votou a favor, mas contrariado. Dizem eles que queriam referendo. Treta. Se o quisessem votavam contra.
PCP e Bloco de Esquerda, contra! Tal como se esperava.
O tratado reformador foi ratificado por larga maioria. E precisamente nas condições que Sócrates e os seus comparsas desejavam. Com a ignorância da maioria dos portugueses relativamente ao seu conteúdo e ás consequências que daí advirão, para o bem e para o mal.
Esta é a prova que o referendo era indispensável. Desde que Sócrates admitiu que não haveria consulta popular, não mais se falou do tratado. Não houve qualquer iniciativa para informação aos portugueses do que se trata, em que é diferente (tal como o afirmam) do antigo Tratado Constitucional.
Não houve vontade política pura e simplesmente de debaterem o assunto para conhecimento geral. Não quiseram e evitaram.
A vantagem do referendo seria exactamente esta, a informação que seria dispensada ao povo quando fossem debatidos e defendidos os pontos de vista de cada facção politica.
Posto isto, continuo a pensar que a diferença entre o antigo Tratado Constitucional e o novo Tratado Reformador é a mesma que a do Aborto para IVG (Interrupção Voluntária da Gravidez).
Para o referendo ao aborto fizeram questão do cumprimento da promessa feita em campanha eleitoral quando poderiam ter resolvido o assunto com celeridade e ter poupado dinheiro em campanhas que visaram sobretudo ensinar-nos algo que já sabíamos. Tratava-se principalmente de uma questão ética e religiosa, poucos ou nenhuns mudaram certamente de opinião desde o primeiro referendo.
Se a realização deste aceitei por achar coerente com as promessas eleitorais, o mesmo se aplica ao contrário no caso do Tratado.
Para mim, nunca fará sentido que alguém me diga que ser aldrabão é diferente de ser mentiroso.

1 Pinokadas:

AJB - martelo disse...

lá conseguiu aquilo que queria sem dar satisfações ao cidadão...